terça-feira, 14 de julho de 2009

Padre Éverson fala com a reportagem do O Jornal

Como já reportado na semana passada, o recém ordenado, padre Éverson Cristiano Andrade do Prado, assumiu na última quinta (02/04) a Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Nova Europa.O novo pároco falou com a nossa reportagem e nos contou sobre sua formação religiosa, sua nova cidade e as mudanças que serão feitas em prol aos cristãos.Confira a entrevista completa:

Apresentação: Nome: Éverson Cristiano Andrade do PradoIdade: 27 anos (13/07/1981)Filiação: Maria José Andrade do Prado e Valdemar Francisco do PradoIrmãos: William Gustavo (25 anos); Jenifer Cristina (22 anos); Jéferson Cléo (20 anos); Andrews James (12 anos).


O Jornal - Quando você descobriu sua vocação religiosa?Padre Éverson - Vocação é um dom, uma graça que Deus concede a cada pessoa humana, em que cada um tem seus talentos diante da sociedade. Tinha 7 anos quando tive um despertar vocacional através do querido Padre Morales que numa brincadeira disse que eu seria padre um dia. Bom, os anos foram passando e quando já na minha adolescência, aos 15 anos resolvi participar de encontros vocacionais a pedido dos padres Marcelo de Souza e Edmilson dos Santos em que de fato pude discernir melhor a minha vocação, pois estava num dilema.


O Jornal - Como foi a sua formação? Padre Éverson - Quando decidi entrar no seminário, participei de um estágio vocacional em São Carlos e nesse estágio fui admitido a ingressar no seminário propedêutico de Jaú em 2001 com Padre Luis Féchio onde tive uma experiência de um ano de discernimento e aprofundamento vocacional. De 2002 a 2004 cursei filosofia no seminário diocesano de São Carlos, período esse que pude enriquecer com muitos pensamentos filosóficos. De 2005 ate 2008 cursei Teologia na PUC de Campinas. Foram anos de grande aprofundamento de espiritualidade sobre Deus, Jesus Cristo bem como Maria, além de conhecer outras denominações religiosas. Conclui o curso de Teologia com uma tese de monografia exatamente abordando a Igreja Católica frente as igrejas neopentecostais e os desafios da globalização.


O Jornal - Quais foram às dificuldades?Padre Éverson - Creio que a grande dificuldade que tive foi quando entrei no seminário, deixei minha família, meu trabalho e os amigos. Ano passado tive momentos de crises, mas diante da graça e misericórdia de Deus consegui superar os desafios.
O Jornal - Você se espelha em algum padre?
Padre Éverson - Um grande modelo para mim é Jesus Cristo. Olhando a imagem de Jesus como bom pastor, temos um grande exemplo de testemunho de vida. Cristo amou tanto o mundo que deu sua vida pela humanidade. Cristo nos deixou grandes sinais de continuidade que a nossa Igreja Católica Romana o faz através dos sacramentos, da liturgia através da celebração eucarística. Mas o grande gesto que ele nos deixou como prática é a caridade e o amor. A partir de Cristo uma pessoa a quem espelho e admiro da Igreja Católica é o Papa João Paulo II. Mas existem grandes pessoas que foram testemunhas do Evangelho como Dom Helder Câmara, e hoje admiro tantas pessoas que doam sua vida pela Igreja e que as vezes nem são reconhecidas na comunidade, são pessoas simples e humildes mas que amam aquilo que fazem.
O Jornal - Para você: o que representa ser padre?
Padre Éverson - Ser Padre é ser pai espiritual de uma comunidade, é ser um consagrado de Deus para uma missão, ser padre é ser pastor. Padre é um ser humano que possui sentimento de alegria e tristeza como qualquer um, mas acima de tudo representa nesse mundo a pessoa de Jesus Cristo. Ser Padre no mundo de hoje é um desafio diante da era da globalização, onde cresce cada vez mais o individualismo, mas aí esta a missão do sacerdote, de levar a justiça e a paz, de anunciar o Evangelho de Cristo. Como Padre pretendo trabalhar com a juventude e priorizar o futuro de nossa Igreja que são as crianças. Nesse sentido pretendo trabalhar com grande afinco na evangelização, em especial em acolher a todos sem distinção, pois quero ser um bom pastor. Essa deve ser a missão de todo padre, ser de fato pastor com suas ovelhas, ouvi-las, e se for o caso resgatá-la se estiver perdida ou sem rumo. E há tantas pessoas hoje sem pastor.


O Jornal - Um dos assuntos mais comentados atualmente por todos, é a atitude tomada pelo arcebispo de Olinda e Recife, que excomungou os médicos que fizeram o aborto e a menina de 9 anos grávida por ter sido vitima de estupro, praticado pelo padrasto. Qual a sua opinião sobre esse assunto?Padre Éverson - A Igreja sempre prioriza e apóia a vida que é Dom de Deus. Vivemos no mundo em que acontecem muitos fatos como violência, aborto, estupro, pedofilia e tantas desgraças, tudo isso devido a uma não adesão ao projeto de Deus. Com relação a este caso, vejo que houve por parte do padrasto uma atitude não cristã e anti - ética diante da sociedade bem como em relação a vida de uma outra pessoa indefesa. Deus há de julgar, mas ele deve pagar sim por aquilo que cometeu. Com relação ao aborto, a Igreja é contra, mas diante da moral vejo que nesse caso o que ocorreu foi um mal menor, não que a atitude da menina está correta. O arcebispo tomou uma atitude profética, mas que no mundo de hoje não precisava fazer o que ele fez de ate excomungar pessoas, tanto é que causou polemica. Mas Deus é misericordioso, amoroso e compete a ele o julgamento. Quem somos nós para julgar alguém? Cada um será julgado por seus atos.


O Jornal - Qual é a visão que você está tendo de Nova Europa e Curupá? Quais as dificuldades?Padre Éverson - As minhas primeiras impressões de Nova Europa e de Curupá foram ótimas, pois notei que são comunidades acolhedoras, e acredito que junto com essas comunidades eu irei aprender muito bem como vocês aprenderão comigo. As dificuldades encontradas, acredito que são poucas, mas com diálogo tudo pode ser solucionado, dificuldades que falo é de habituar com a cidade pois para mim é tudo novo, é conhecer o território, as pessoas, e formar amizades, e sermos de fato uma grande família, sem exclusão e discriminação de ninguém, pois somos todos irmãos na parte de Deus e em meio as diversidades formarmos a unidade.


O Jornal - O que você pretende mudar? Por quê?
Padre Éverson - Aos poucos vamos colocar mais horários de missas como já foi publicado nesse conceituado jornal na edição anterior, atendimento a todos os fiéis na secretaria que já estamos adaptando, e projetos de construir uma nova Igreja nos altos da cidade, reformar a casa paroquial e construir uma capela do santíssimo na igreja matriz. As mudanças sempre são bem vindas embora alguns critiquem, mas é preciso renovar para que a comunidade possa crescer.


O Jornal - O que pretende fazer para atrair mais fiéis à igreja católica?
Padre Éverson - Eu pretendo abraçar todos os movimentos e pastorais, pois vejo que na diversidade é que se faz a unidade tendo como cabeça Cristo Pastor. vejo que os que vão a igreja vão por amor em Deus bem como sabe conscientemente das obrigações de um cristão. Agora pretendo formar lideranças, trabalhar com jovens, e sobretudo trabalhar com o fundamental alicerce que é a criança, futuro do amanha. Mas vejo que a acolhida é o ponto forte de minha pessoa e todos os que quiserem conversar comigo ou participar das missas, a igreja está de portas abertas para todos.


O Jornal - Gostaríamos que você deixasse uma mensagem ao povo de Nova Europa!Padre Éverson - Vale destacar que todo cristão que vai à missa não deve ir por causa do padre, mas sim por causa de Jesus Cristo. A todos meu muito obrigado, que Deus abençoe a cada leitor! Fique na santa paz e lembre-se de que quem ama verdadeiramente, tem Deus no coração. Abraços e rezem por mim e pelo meu ministério. Sou padre novo, 27 anos, jovem, mas disposto a assumir qualquer desafio em nome de Cristo.


Elias Cazetto